Eu olhava! Tenho certeza que estava ali. Aquela chuva fina fria de outono invadiu-me com força, e olhava, mas não a via. Misteriosamente em forma de luz, dessas luzes amarelo alaranjadas que dos postes antigos emanam melancolia, mofo. Tamanha era a morbidez, daquele não-fazer luminoso que dava para segurá-lo como uma peça de antiquário. Por essa chuva trapezoidal eu envelhecia, de tal modo que o corpo para, e imóvel contempla a cisão entre si e a luz do poste. O abismo entre sensação e sentido. Pergunto-me: onde está esta chuva que não me toca, Onde estou que não a sinto, talvez rumo ao fundo... Sugado no asfalto a massa volta ao seu estado original, sou denso, e gradualmente as gotas vêm ou sou eu indo, até inundar, até afogar, até afundar. E foi do começo abismal que ascenderam essas palavras.
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