21 de junho de 2007

sonhos satânicos

Sonhos satânicos invadem minha alma
no sono desavisado
de meu corpo despido
dele próprio
sem propriedade,
não o possuo.

Sou imaterial pois sou denso no real.
A realidade de meus sonhos nus
é necessária devido ao peso,
ao fardo deste mundo a mim forçado,
sou alienado,
sou alien,
sou louco
para os doutos e
são para os verdadeiramente loucos.

Escrever torna-se pequeno diante do sonhar!
Arte de sonhar,
a primazia da vontade,
potencialidade nômade,
pura potência que se move intuitivamente,
o pensar-ato,
a alma,
chame como quiser,
lá sinto-me completo
ultrapasso paredes,
vôo na chuva,
visito Satã,
trepo de boca fechada,
não me sinto,
não existo.

sou meu olhar,
o exterior,
sou lá
e minha vontade
com lá se mescla
sou o todo move-ente.

As palavras atrapalham minha completude,
me enganam, pois elas
já não mais são puras,
já não mais são mágicas,
já não mais são mundos,
são só palavras,
mudo no mundo emudeço
e nada mudo
e move-se o mundo
e eu movo os sonhos que tenho?
Ou chamado pelo cansaço dele,
me torno,
me transformo.

Vendo deste mundo material,
ironico,
catatônico,
catanoico
catalisador de entidades etérias
que me comandam como fantoches,
fetiches.

De seres maiores que nós,
transcendentes à nós,
ao nossos olhos me vejo,
retorno toda noite ao mundo,
por quê não lá continuo?

Que desejo, que
medo de acordar,
medo de dormir,
adoro o medo
e pra ele me-dôo mudo,
do jeito que for.

Mas sempre acabo voltando.