25 de março de 2007



"De toda política só intendo uma coisa: a revolta"
"Digo 'viva a revolução!' como diria 'viva a destruição! viva a expiação! viva o castigo! viva a morte!'. Seria feliz não só como vítima; tampouco me desagradaria representar um carrasco, a fim de sentir os dois lados da revolução! Todos temos no sangue o espírito republicano assim como a sífilis nos ossos; estamos infectados de democracia e de sífilis"

Nicolas Poussin - Apollo & Dafne

artemísia gentileschi

20 de março de 2007

Moral de Baudelaire.


Mas o dia seguinte! O terrível dia seguinte! Todos os órgãos distraídos, cansados, os nervos relaxados, a palpitante vontade de chorar, a impossibilidade de se dedicar a um trabalho contínuo, ensinam-lhe cruelmente que você brincou de uma brincadeira proibida. A hedionda natureza, despida da sua iluminação da véspera, parece melancólicos restos de uma festa. A vontade, a mais preciosa de todas as faculdades, é atacada principalmente. Dizem, e é quase verdade, que esta substância não causa nenhum mal físico, nenhum mal grave pelo menos. Mas acaso podemos afirmar um homem incapaz de ação e bom somente para os sonhos está de fato bem, ainda que todos os seus membros estejam em bom estado? Ora, nós conhecemos o bastante a natureza humana para saber que um homem capaz de obter instantaneamente, com uma colher de geléia, todos os bens do céu e da terra, nunca ganhará a milésima parte mediante o trabalho. Pode-se imaginar um Estado em que todos os cidadãos se embriagariam de haxixe? (...) É fácil perceber a relação que existe entre as criações satânicas dos poetas e as criaturas vivas que se entregaram aos excitantes. O homem quis ser Deus e, em virtude de uma lei moral incontrolável, cai bem mais baixo que a sua natureza real. É uma alma que se vende a varejo.

esquiz(o)

skhizõ ´separar, dividir, fender´


esquizofrenia '(psiq.) termo geral que designa um conjunto de psicoses endógenas cujos sintomas fundamentais apontam a uma existência de uma dissociação da acção e do pensamento, expressa em uma sintomatologia variada, como delírios persecutores, alucinações, esp. auditivas, labilidade afetiva. e. catatônica - a que se acompanha de problemas motores marcados, associados a sintomas de delírio como imobilidade motora ou actividade motora intensa, negativismo, mutismo, escolalia e/ou ecopraxia. e. paranoide - a que se acompanha de sintomas de delírio e grandeza ou de persecução e alucinações , sem perturbações duradouras da afectividade nem das funções intelectuais.'


psicopatia ' distúrbio mental grave em que o enfermo apresenta comportamentos anti-sociais e amorais sem demonstração de arrependimento ou remorso, incapacidade para amar e se relacionar com laços afectivos profundos, egocentrismo extremo e incapacidade de aprender com a experiência.'


psicose 'transtorno mental caracterizado por desintegração da personalidade, conflito com a realidade, alucinações, ilusões. Psicose maníaco-depressiva - problema mental marcado por grande oscilação emocional, alternando fazes de mania (em que há excitação, fuga de ideias, hiperatividade) com fases de depressão (sentimentos de inadequação, retardamento de ideias e movimentos, ansiedade, tristeza, e as vezes ideias suicidas)


paranóia 'termo introduzido na psiquiatria para designar os problemas psíquicos que tomam a forma de um delírio sistematizado. [A paranóia engloba sobretudo as formas crônicas de delírios de relação, ciúmes e perseguição e a chamada esquizofrenia paranóide] #etimologia; paranóia 'turvamento da razão, loucura, problema geral do espírito ou da razão'


neurose '1 MED problema do sistema nervoso que não tem causas demostráveis; 2 PSIC pertubação funcional que refere a orgãos intactos, considerada como de origem nervosa; 3 PSIC conjunto de problemas de origem psíquica que, diferentemente da psicose, conservam a referência à realidade, ligam-se a situações circunscritas e geram perturbações sensoriais, motoras, emocionais e/ou vegetativas, psiconeurose; 4 PSICN afecção de origem psíquica em que os sintomas expressam simbolicamente um conflito originado na infância do indivíduo, e que cria soluções de compromisso entre o desejo e as defesas; n. atual 'aqula cuja a origem se encontra no presente'; n. de angustia 'caracterizada por estados de angustia intesa, excitação somatica violenta com flutuação entre sintomas psíquicos e somáticos, e tendências incoercíveis à fuga, ao afastamento e não raro tb à aceitação resignada'; n. obsessivo-compulsiva 'se caracteriza por pensamentos e representações que sobrevêm de forma repetitiva e compulsiva (às vezes associada a ideia de perseguição) ou por impulsos e atos compulsivos.'; n. traumática 'a que é consecutiva a um trauma somático ou psíquico, cujos sintomas apresentam de maneira direta ou indireta (simbólica) o acontecimento traumático'.


obsessão 1 'suposta apresentação repetida do demônio ao espírito' 2 'que ou aquele que sofre de obsessão ou neurose obsessiva'.

compulsão 1 'imposição interna irresistível que leva o indivíduo a realizar determinado ato ou a comportar-se de determinada maneira'; c. à repetição 'processo inconsciente pelo qual o indivíduo repete incoercívelmente determinado tipo de comportamento, a despeito de seus resultados'.


euforia 1 PSICOP. estado caracterizado por alegria, despreocupação, otimismo e bem estar físico, mas que não corresponde nem às condições de vida, nem ao estado físico objetivo; 2 PSICOP. sintoma comum a várias patologias e também a algumas intoxicações [álcool, drogas], que se explica para explicar a dependência; 3 por ex-tenso: entusiasmo, alegria exagerada e geração repentina; exaltação. Etimologia grega: euf- capacidade; phòrios – tolerar, suportar.


eufemismo
1 LING. palavra, locução ou acepção mais agradável, de que se lança mão para suavizar ou minimizar o peso conotador de outra palavra, locução ou acepção menos agradável, mais grosseira ou menos tabuística; fortinho por gordo; ‘coisa ruim’ por Belzeboo; carambolas para a interjunção caralho e bolas; dar o último suspiro por morrer; toalete por mictório. Etimologia grega: euphêmismòs ‘id’. Antagônico à disfemismos.

Em Tardes Assim...

Em tardes assim
aonde o silêncio se mistura
ao cotidiano
Te encontro andando dentro de mim
Se a barulhenta vida me impede os teus passos escutar
São em silêncios assim
que te descubro vivo
desafiando minha resistência
Surpreende-me ainda tua presença

Já tecia o tempo com os fios da tua ausência
Reescrevendo em lembranças vagas
a nossa história, o nosso descobrimento

Em tardes assim
onde o silêncio cala fundo
olhando absorta em pensamentos
Noto
que em mim,
ainda ficaram de ti, resquícios
Fecho os olhos e me vêem os sentidos
apurados na escuridão do enleio
E sinto o calor das tuas mãos
ao pousares sobre o desavisado seio
Na face o rubor de menina
Nos lábios a procura faminta
de mulher
Cravo os dentes na boca
e sinto sangue e saliva
Último meio desesperado
de retorno à vida...

O Poste

Eu olhava! Tenho certeza que estava ali. Aquela chuva fina fria de outono invadiu-me com força, e olhava, mas não a via. Misteriosamente em forma de luz, dessas luzes amarelo alaranjadas que dos postes antigos emanam melancolia, mofo. Tamanha era a morbidez, daquele não-fazer luminoso que dava para segurá-lo como uma peça de antiquário. Por essa chuva trapezoidal eu envelhecia, de tal modo que o corpo para, e imóvel contempla a cisão entre si e a luz do poste. O abismo entre sensação e sentido. Pergunto-me: onde está esta chuva que não me toca, Onde estou que não a sinto, talvez rumo ao fundo... Sugado no asfalto a massa volta ao seu estado original, sou denso, e gradualmente as gotas vêm ou sou eu indo, até inundar, até afogar, até afundar. E foi do começo abismal que ascenderam essas palavras.

17 de março de 2007

8 de março de 2007

te conheço?

Te conheço d'algum lugar,
Não precisa nem falar.

Você estava em meu sonhar,
Em minhas canções de ninar.

Agora só consigo te olhar,
Por entre esse mar.

Tenho coragem de te amar,
Mas me falta para te beijar.

5 de março de 2007

sem título

Somos nossa realidade
Multidão de intensidades
Flutuantes no horizonte da vida
Coalescente ao tempo vertical
No abismo do ser
Na vagina do caos!

sofro

Escuto as lágirmas
Como gotas de orvalho
Caindo...
No infinito vazio da alma
Ressoando no corpo
Sopro...
Sofro...
Não há calma
Só o ritmo das gotas
Regendo minha existência

papova

Poto uno tarezo moentro a quenela sofoço dones
E catcho papova najarê quelanto masso do chofu
rê zio!

sem título

Acho que ...
Finalmente sinto ...
O problema real ...
Seria ... ou é ...
Acabar...com o problema ...
Real?